Ética nas relações interpessoais
O filósofo Schopenhauer compara o trato entre pessoas humanas às relações nos grupos de porco espinho. Eles precisam se aproximar, para não sucumbir ao frio. Mas se a distância é muito pequena, uns espetam os outros. O símile tem plena validade em todas as relações entre coletivos e individualidades. Nas igrejas, seitas, partidos políticos, centros de pesquisa e nos campi. A expectativa de comportamento, não raro, é definida antes dos tratos efetivos entre pessoas. Assim, se existe o ideal da competição entre indivíduos e ela não é regulamentada com rigor, a existência do grupo se transforma em pleno inferno. Todos se cutucam e ferem, e todos reclamam dos demais. Ninguém se responsabiliza pelos golpes aplicados aos demais. Todos negam ter aplicado tais golpes em outrem. Assim, a frase de Sartre se justifica plenamente: em tais ambientes, "l 'Enfer c'est les autres". Voltando à expectativa de comportamento, é possível construir regras prudenets de convívio, que ajudem as subjetividades a deixar o seu desejo de mando sobre os demais, além de abandonar a fome de vantagem em detrimento alheio. Mas tais regras devem ser pactuadas e assumidas de modo democrático e justo. É em tal contexto que entra o conceito ético da "epikéia", algo a ser desenvolvido em minha alocução aos colegas |