quinta-feira , 18 de abril de 2024
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Boletim de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi discute patrimônio indígena

capa_v12n3_prop2_Artboard 1Um dossiê sobre “Patrimônio indígena e coleções etnográficas” é o destaque da última edição de 2017 do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. O número traz ainda estudos sobre Linguística, História, Arqueologia e Museologia na forma de artigos, notas de pesquisa, memória e resenhas.

No dossiê, dedicado a práticas de etnomuseolgia, pesquisadores do Museu Goeldi, do Museu Nacional de Etnologia de Leiden (NME) da Holanda, do Welt Museum, da Áustria, e do projeto “Museus da Amazônia em Rede (MAR)” apresentam ações colaborativas que promovem o reconhecimento do saber e da autoria dos objetos.  São cinco contribuições que refletem a cooperação e a possibilidade de inclusão dos autores em projetos expositivos. Com suas vozes e conhecimento dos significados que cada objeto em si carrega, membros de etnias Ka’apor, Warí, Kanoé, Makushi, Shipibo, Sataré-Mawé, Mebêngôkre-Kayapó e Baniwa dialogam com pesquisadores em exemplos concretos de etnomuseologia.

E sem sair da temática indígena, a edição apresenta duas outras contribuições. “As classes verbais da língua Paresi (Aruák)” é o artigo de Ana Paula Brandão, que apresenta os verbos e sua classificação na língua Paresi, falada por três mil indígenas no Mato Grosso. Já a cartografia dos indígenas na Amazônia antes e durante a Era Pombalina é tema do trabalho de Alanna Souto, que analisa as representações das populações nativas e no que tais formas de representar contribuíram para a desterritorialização e a reterritorialização em “Os indígenas na cartografia da América lusitana”.

Das tradições africanas, os leitores vão encontrar no Boletim, estudo em terras quilombolas e etnografia em terreiro de umbanda. Helbert Medeiros Prado e Rui Murrieta discutem a investigação etnocientífica proposta por Tim Ingold no contexto de uma comunidade quilombola no Vale da Ribeira em “A experiência do conhecimento em Tim Ingold e as etnociências: reflexões a partir de um estudo de caso etnoecológico”.

Enquanto isso, estudo de autoria de Pedro Crepaldi Carlessi, apresenta etnografia em terreiro de umbanda, na qual fornece elementos para análise de como indivíduos tornam-se médiuns observando o engajamento, o contato e o contágio que estabelecem com as plantas: “Jeitos, sujeitos e afetos: participação das plantas na composição de sujeitos umbandistas”.

São três os artigos sobre arqueologia na edição. “O muiraquitã da estearia da Boca do Rio, Santa Helena, Maranhão: estudo arqueológico, mineralógico e simbólico”, de autoria de Alexandre Guida Navarro e outros cinco autores, descreve objeto encontrado no Maranhão e analisa “redes regionais de interação comercial e simbólica” do objeto. Em “Na sombra das pedras grandes: as indústrias líticas das ocupações pré-coloniais recentes da região de Diamantina, Minas Gerais, Brasil”, Andrei Isnardis trabalha com a disponibilidade de matérias-primas, as morfologias e a variabilidade artefatual para construir “entendimento articulado, sistêmico, de um conjunto de sítios”. Já “História das pesquisas bioarqueológicas em Lagoa Santa, Minas Gerais”, de Pedro Da-Glória, Walter Alves Neves e Mark Hubbe delineia 180 anos de pesquisa na região desde as primeiras intervenções do naturalista Peter Lund no século XIX até a atualidade e recomenda uma perspectiva interdisciplinar nos estudos sobre a região.

Educação e memória
A dimensão educativa de um museu, o da Maré, no Rio de Janeiro e sua contribuição para a memória e a identidade de uma comunidade é o que Helena Maria Marques Araújo apresenta ao argumentar sobre o fortalecimento de grupos populares através da valorização e da ressignificação da história local em “Museu da Maré: entre educação, memórias e identidades”.

A história de Payaré, cacique Akrãtikatêjê, e sua luta na Justiça por mais de 30 anos para ver reparado erro histórico do Estado brasileiro, que negou a identidade indígena a ele e ao seu povo no contexto da construção da hidrelétrica de Tucuruí está na sessão memória da edição: de Mariana Guimarães, “A saga de Payaré Akrãtikatêjê frente ao Estado brasileiro no contexto da construção da hidrelétrica de Tucuruí”.

Por fim, duas resenhas – uma de Felipe Jacinto sobre “Amazônia… A ira dos poderosos”, de autoria de Ricardo Smith; e outra de Diogo de Carvalho Cabral, sobre a obra “A carne, a gordura e os ovos: colonização, caça e pesca na Amazônia”, de Marlon Marcel de Fiori e Christian Fausto Moraes dos Santos – abordam questões regionais como protagonismo e meio ambiente.

Jimena Felipe Beltrão, jornalista e editora científica do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas.

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