Apesar da disseminação cada vez maior de informações sobre os riscos de as pessoas contraírem doenças sexualmente transmissíveis, elas ainda são bastante comuns. Para interrupção do ciclo de transmissão dessas infecções é essencial o tratamento das pessoas envolvidas nos relacionamentos sexuais.
Uma das providências necessárias é a notificação de parceiros, processo pelo qual os contatos sexuais de um paciente-índice, ou seja, que foi diagnosticado com a Infecção Sexualmente Transmissível (IST), são identificados e informados de sua exposição. Eles ainda são convidados a realizar testes, aconselhamento e, se necessário, tratamento. Recomenda-se que essa ação seja feita de forma voluntária dentro de ambientes propícios, sociais e legais.
Esse assunto motivou uma pesquisa que foi tema do artigo “Notificação de parceiros sexuais com infecção sexualmente transmissível e percepções dos notificados”. O trabalho foi elaborado pelos autores Elani Graça Ferreira Cavalcante, Mahara Coelho Crisostomo Miranda, Ana Zaiz Flores Hormain Teixeira de Carvalho, Ivana Cristina Vieira de Lima e Marli Teresinha Gimeniz Galvão e publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP , (v. 50, n. 3, 2016).
O levantamento teve como objetivo conhecer as percepções dos pacientes com infecções sexualmente transmissíveis e parceiros sexuais sobre a notificação da infecção. Foi realizado por meio de um estudo descritivo e qualitativo, baseado na técnica do discurso do sujeito coletivo, realizado em quatro Unidades de Saúde de referência em Fortaleza/CE, de março a julho de 2014. Participaram 21 sujeitos (11 pacientes-índice, ou seja, diagnosticados com alguma infecção sexualmente transmissível e 10 parceiros notificados).
De acordo com o artigo, os pacientes-índice relataram cumplicidade, preocupação com a saúde do parceiro e revelação do diagnóstico como forma de preservação do relacionamento. Para os parceiros, as percepções foram antagônicas: tranquilidade-traição, medo da morte, da incurabilidade e do diagnóstico, especialmente do HIV. Os motivos para o comparecimento foram: medo de estar doente, atenuação da culpa relativa à transmissão, necessidade do diagnóstico e início precoce do tratamento.
Segundo os pesquisadores, predominou o medo da quebra da confiança, a insegurança em lidar com uma infecção sexual e ser responsável ou corresponsável pela transmissão. As formas de comunicação as parcerias sexuais foram diversificadas (verbal, telefone, cartão de comunicação), atendendo a uma conveniência individual. O trabalho sugere a união de métodos alternativos de notificação e um sistema de notificação integrado.
O artigo na íntegra está disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n3/pt_0080-6234-reeusp-50-03-0450.pdf
Leandro Rocha (4toques comunicação)
leandro@4toques.com.br