Auxiliar os editores a aprimorarem cada vez mais a qualidade dos seus periódicos. Foi com esse foco que aconteceu o segundo dia de atividades do XXV Curso de Editoração Científica da ABEC, que teve início com uma palestra “Como [e por quê?] otimizar publicações em OJS”, ministrada por Suely de Brito Clemente Soares, do Content Mind e membro da diretoria da ABEC.
Como otimizar publicações em OJS? – Suely provocou a plateia com algumas indagações sobre o uso das novas tecnologias (hipermídia) para aumentar o acesso às revistas digitais, como artigos e editoriais em áudio ou vídeo, inclusive disponibilizando referências com foto (com hiperlinks para lattes e ORCID), além de técnicas pra otimizar o PDF da publicação. Ela abordou o que chamou de “referências do futuro”, sugerindo o uso da ORCID – que é um código alfanumérico não proprietário para identificar exclusivamente cientistas e outros autores académicos e contribuidores. “Nossas revistas ainda estão usando a web como impressora. Por que não disponibilizar um número de whatsapp para agilizar o contato autor-editor?”, provocou. “As revistas devem estar abertas a receber comentários de seus leitores na internet em relação aos seus artigos. No entanto, é importante exigir que eles se cadastrem no OJS (Open Journal Systems) com nome, e-mail e senha”, concluiu Suely.
DOI – A segunda palestra foi sobre “Atribuição de DOI para a publicação científica”, apresentada por Milton Shintaku, do Ibict e membro da diretoria da ABEC. Ele explicou que um DOI (Sistema que permite a identificação, localização e descrição unívoca de entidades digitais, físicas ou abstratas) não pode ser removido após ter sido
atribuído. Ele ainda comentou sobre o funcionamento das agências de registros e como é o processo de atribuição do DOI. “Revistas de universidades públicas, por exemplo, têm dificuldade para fazer pagamentos no exterior, por isso a ABEC tem parceria com a Crossref para auxiliar os pesquisadores nessa tarefa. Não há cobrança de anuidade e o pagamento pode ser feito em reais”, destacou.
Shintaku lembrou que o DOI pode ser usado para identificar: revistas, fascículos, artigos, figura, tabela, anais de ventos, livros, dissertações, entre outros.
Scholar One – Ariane Fernández, da Clarivate, conversou com os participantes do CEC 2017 sobre “Uso de ferramentas específicas do Scholar One e sua influência na qualidade dos periódicos”. Entre as principais funcionalidades da plataforma, ela mencionou a possibilidade de os autores enviarem manuscritos para revisões e
acompanharem o status desse processo. Por meio da ferramenta ainda é possível checar se o manuscrito está apto a ser considerado no fluxo de submissões e depois segue para a revisão em pares, recomendações e decisão e, por fim, a pré-produção. “O Scholar One deve estar disponível totalmente em português até o fim de 2017, mas, atualmente, mesmo ele sendo em inglês, as instruções do manuscrito podem ser inseridas em português”, observou Ariane.
Crossref – Edilson Damásio, da Universidade Estadual de Maringá, tratou dos temas “Crossmark e Cited by Linking: ferramentas do Crossref para apoio aos periódicos científicos”. Na primeira parte de sua apresentação, ele falou sobre o gerenciamento de erratas e retratações nos artigos, mudanças de conteúdo que, segundo ele, os leitores precisam saber. Damásio explicou que a plataforma Crossmark, da Crossref, revela o status do conteúdo de um item,
mostrando correções, atualizações, retratações e outros metadados úteis, como dados de financiamento e licenças, através de um botão padrão e box de informações (pop-up). “É uma ótima maneira de mostrar aos leitores informações extras ou atualizadas sobre o conteúdo que estão visualizando. A informação fica junto ao artigo e pode ser acessada mesmo fora do site do editor”, esclareceu.
Cited-by linking – Na segunda parte da apresentação, o palestrante explicou que o Cited-by linking, da Crossref fornece uma clara visão das publicações que citaram um conteúdo e permite ao editor exibir essas informações em seu site. O serviço é opcional e não há taxa para participar. “Determinar quem citou seu conteúdo pode ser difícil; Citedby fornece uma maneira de encontrar facilmente essas citações e exibir os resultados”, ponderou.
Fontes de indexação – Ao ministrar a palestra “Fontes de indexação: o que o editor precisa saber para indexar seu periódico”, Gildenir Carolino Santos, da Unicamp e ABEC comentou que para uma publicação científica, estar indexada significa estar selecionada para indexação em uma base de dados, diretório ou portal de indexação de
acordo a critérios de seleção próprios, cujos artigos são representados como unidades informacionais, identificados por campos de dados específicos, que podem ser recuperados individualmente ou combinados entre si. “Se a indexação determina o volume de citações, logo isso comprova que quanto mais indexado o periódico, mais promoção da visibilidade e reconhecimento na área de conhecimento ele terá, bem como garantir indicadores de produção científica”, colocou.
Gildenir ainda esclareceu que as fontes de indexação podem ser: proprietárias, públicas ou autônomas e também deu dicas de onde e como é possível indexar um periódico. Também apresentou detalhes sobre a diferença de “indexadores’ e “divulgadores”, além de citar os critérios, benefícios e vantagens da indexação. “Os editores de revistas precisam saber identificar as fontes pelos tipos; escolher os indexadores de sua área e os gerais; saber em quais podem ser aceitos de imediato, verificar os critérios e fazer a solicitação. Quanto mais indexar, maior a visibilidade. Também é importante criar o perfil da sua revista ou periódico no Google Acadêmico e incluir o bibliotecário na sua Equipe Editorial”, recomendou.
Produção editorial: do aceite à publicação – No período da tarde, foi esse o tema que ficou sob responsabilidade de Paulo Sentelhas, da USP. Depois de apresentar um pouco da trajetória da Revista Scientia Agrícola, da Universidade de São Paulo, da qual é editor-chefe, ele falou sobre as etapas pós-aceite dos trabalhos. “É fundamental a definição do número em que um dado trabalho deverá ser publicado depois de aceito. Isso dependerá basicamente do interesse que irá despertar no público. Sendo um trabalho com potencial de citação muito elevado, deverá ser publicado o quanto antes, de modo que ele permaneça passível de citação pelo maio
tempo possível”, destacou. No entanto, o palestrante admitiu que essa não é uma decisão fácil, pois implicará em remeter trabalhos submetidos e aceitos há mais tempo para números posteriores, o que pode parecer injusto com os autores que estão ansiando pela publicação de seus trabalhos e aumentar o tempo entre submissão e publicação.
Entre outras dicas, Sentelhas frisou a importância de os editores contarem com um checklist muito bem elaborado no sentido de ajudar na identificação de problemas dos artigos após o aceite; contar com programas de plágio tanto na submissão quanto no pós-aceite; contar com a ajuda de profissionais na língua em que a revista é publicada de modo a manter um padrão constante de qualidade dos trabalhos aceito e elaborar planos de ação para que a revista seja amplamente divulgada.
Profissionalização de processos editoriais – Solange Santos, do SciELO, foi até o CEC 2017 para tratar de um tema bastante relevante para a editoração científica, que é a normalização dos dados. O objetivo de sua fala foi contribuir para o desenvolvimento da pesquisa científica com ênfase no aperfeiçoamento das revistas científicas editadas no país. “Se observada de uma perspectiva mais ampla poderemos perceber que
normalização perpassa vários aspectos da gestão editorial, podendo inclusive, fornecer informação relevante sobre o cuidado, transparência, boas práticas e qualidade na gestão de procedimento processos editoriais”, observou.
Solange falou a respeito da composição e funcionamento dos conselhos e processos editoriais e ainda da normalização e critérios utilizados pelo SciELO.
Divulgação científica por meio das redes sociais – Lilian Caló, da Bireme, envolveu o público presente no CEC 2017 com dados recentes sobre as vantagens do uso das redes sociais para a divulgação científica. Entre os argumentos que utilizou, a palestrante ressaltou que os pesquisadores estão expostos à quantidades crescentes de informação científica publicada e as redes sociais podem ser usadas para selecionar informação relevante e como filtros de conteúdo, além de serem usadas para recomenda compartilhar e avaliar artigos e outros conteúdos cientifico expondo à sociedade discussões antes restritas à comunidade cientifica.
A convidada ainda ponderou que as redes sociais oferecem nova perspectivas para medir impacto cientifico, fornecem nova possibilidades, criando formas de disseminação de conteúdos que catalisam o processo de publicação e avaliação da ciência. Além disso, aproximam a ciência de seu público-alvo, encorajando a publicação em acesso aberto e traduzindo conteúdos complexos para o público leigo.
Em outro momento, Lilian destacou a importância da imprensa leiga na transmissão do conhecimento médico para a comunidade científica.
Orcid: integração com outros ID´s – Encerrando o dia de atividades, Suely de Brito Clemente Soares, do
Content Mind e membro da diretoria da ABEC, explicou o passo a passo de como os editores científicos utilizarem as vantagens oferecidas pela plataforma ORCID (Connecting Research and Researchers), um código alfanumérico não proprietário para identificar exclusivamente cientistas e outros autores acadêmicos e contribuidores.
Minicurso ProCPC – Paralelamente, foi realizada a segunda parte do Minicurso ProCPC – Ética na publicação, coordenada por Sigmar M. Rode , da Unesp e ABEC e Edson Watanabe, da UFRJ.
Leandro Rocha (4toques comunicação)
comunicacao@abecbrasil.org.br