A doutora em Educação Lia Machado Fiuza Fialho, de 38 anos, editora do periódico Educação & Formação, vinculado aos programas de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará, é a grande vencedora do IX Prêmio Editor do Futuro, realizado pela ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos).
Ela atendia aos requisitos: ter menos de 40 anos e contribuir para a valorização de seus periódicos por meio de ações inovadoras, por exemplo, e foi a escolhida pela Comissão Julgadora. Nesta edição foram recebidas 10 inscrições vindas das mais diversas regiões do país.
Lia vai receber da ABEC um certificado, gratuidade na inscrição do ABEC Meeting 2017 e estadia em Curitiba, entre os dias 6 e 9 de novembro (período em que será realizado o evento), além da isenção da anuidade 2018 para associação como sócio individual na ABEC.
A editora conta que receber a notícia de ganhadora do prêmio foi uma grata surpresa. “Jamais imaginei receber reconhecimento algum pelo trabalho de editoria da revista científica, especialmente por uma entidade nacional que agrega editores de todas as áreas de conhecimento, como é o caso da ABEC”, diz.
Ela também comemorou a possibilidade de participar do ABEC Meeting 2017, pois já havia recebido a negativa de apoio financeiro da universidade devido à falta de recursos do país e, mais especificamente, do estado do Ceará. “Minhas expectativas para o evento são muito positivas. Vou poder ampliar meus conhecimentos sobre editoração e indexação de revistas científicas, além de esclarecer dúvidas e solucionar problemas com a interlocução entre editores e técnicos especializados, que sozinha não tenho conseguido dirimir. E ainda vou visitar Curitiba, que é uma cidade muito aprazível”, conta.
A editora vencedora admite que não acreditou que poderia vencer o Prêmio Editor do Futuro, mesmo sabendo do bom trabalho desenvolvido pela Revista Educação & Formação. “Jamais imaginei que uma mulher, nordestina, editora de periódico com menos de dois anos de circulação, na área de Educação, pudesse vencer e receber visibilidade em âmbito nacional. Só me inscrevi porque a Universidade Estadual do Ceará suspendeu toda a concessão de ajuda de custo para qualificação profissional para qualquer professor da universidade devido aos cortes orçamentários que sofreu do governo”, afirma.
Além da falta de apoio financeiro, uma das dificuldades, que exigiram dela elaborar ideias inovadoras para alavancar o sucesso do periódico, foi a falta de suporte técnico. “Já havia uma plataforma instalada na Universidade, mas o profissional responsável está afastado há anos e ainda não tem ninguém especializado que soubesse manuseá-la. Colocar a revista on-line foi um exercício de tentativa e erro. De posse de um endereço eletrônico e da senha de editor gerente, tive que ir testando cada link da plataforma para entender seu funcionamento de maneira autodidata”, lembra.
O desafio de convencer a comunidade acadêmica a confiar em um periódico novo também foi uma barreira a ser vencida, segundo Lia. “Os professores eram céticos acerca da aquisição de uma boa avaliação (Qualis CAPES de B2 a A1) em poucos anos. Acreditavam que era um investimento de longo prazo, que necessitava de muito esforço e resultava em pouco benefício para a instituição. Foi difícil também sensibilizar qualificados pesquisadores, nacionais e internacionais, a confiarem no periódico Educação & Formação e enviarem artigos para uma revista iniciante. Conseguimos, com muito esforço, formar uma boa equipe editorial, receber e publicar manuscritos de excelente qualidade de todas as regiões do Brasil e de vários países”, finaliza.
O presidente da ABEC, Rui Seabra, parabenizou a vencedora e lamentou as poucas iniciativas para auxiliar a formação de novos editores. “Esperamos com o IX Prêmio Editor do Futuro que possamos plantar uma sementinha e ajudar jovens pesquisadores a se aprimorarem também como editores. O Brasil possui cerca de 3 mil periódicos científicos e certamente a presença de novos editores mais preparados e capacitados auxiliará na melhoria da qualidade destes”, diz.
Seabra, que foi ganhador do prêmio em 2003, também citou o crescimento da premiação ao longo dos anos. “Lembro que fui receber o prêmio durante um evento na cidade de Caxambu, em Minas Gerais, das mãos da professora Mércia Barradas. Acredito que aquele pequeno gesto me estimulou e ajudou na construção da minha carreira. Hoje estou como presidente da ABEC e tenho a grande oportunidade de entregar este mesmo prêmio a um jovem editor. Realmente é um ciclo que se fecha, tornando-se nítido que o nome dado ao prêmio de Editor do Futuro cumpre este papel”, completa.
Tadeu Nunes (4toques comunicação)
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