Ser reconhecido no meio científico leva tempo. E não basta ‘apenas’ ser bom, é preciso ter artigos publicados em revistas de renome e contar com um grande número de citações em outras pesquisas. Mas e se houvesse um caminho mais curto, onde se faça um pagamento aos revisores e orientadores para que eles incluam citações supérfluas em alguns trabalhos?
Este ardiloso cenário da pesquisa científica foi tema do estudo “Authorship and citation manipulation in academic research” (“Manipulação de citação e autoria na pesquisa acadêmica”, na tradução livre), elaborado por Eric A. Fong e Allen W. Wilhite, ambos da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, publicado na Public Library of Science (Biblioteca Pública de Ciência).
O estudo analisou a intensa competição pelos limitados espaços e como os financiadores de pesquisa podem encorajar este tipo de manipulação. Os autores levantam hipóteses de quem manipula as citações e qual o motivo por trás da ação. Para isso, foi realizada uma série de pesquisas com mais de 110.000 estudiosos de dezoito disciplinas diferentes, entre ciência, engenharia, ciências sociais, negócios e área da saúde.
A conclusão é de que, apesar da maioria dos estudiosos desaprovarem a utilização de táticas como essa, muitos deles se sentem pressionados para adicionar citações supérfluas. Outros, no entanto, sugerem que tudo faz parte da maneira como o “jogo é jogado”. A pesquisa observa, ainda, que algumas mudanças no processo de revisão dos artigos podem ajudar a acabar com este dilema ético, mas o progresso é lento.
O artigo pode ser lido, na íntegra, no link https://goo.gl/wDvbAC ou pelo DOI https://doi.org/10.1371/journal.pone.0187394.
Tadeu Nunes (4toques comunicação)
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