O artigo intitulado “O estoicismo no pensamento de Luísa Sigea: a dicotomia entre vida pública e vida privada” traz para o debate filosófico-pedagógico contemporâneo o tema da vida feliz. Publicado na revista Acta Scientiarum. Education (v. 39, n.3, Jul.-Sep. 2017), o artigo retoma o livro de Luisa Sigea, editado em Lisboa no ano de 1552 (Dialogue de deux jeunes filles sur la vie de cour et la vie de retraite). A revisitação do diálogo permite deixar evidente a persistência da seguinte tese: a qualidade da governação e do bem-estar comum deve estar suportada num consistente ambiente ético-político e numa educação que valore o pensamento reflexivo exercitado pelas Humanidades.
A autora do artigo, Maria Teresa Santos, professora de filosofia na Universidade de Évora (Portugal), retoma um livro esquecido do humanismo renascentista português e analisa a dicotomia entre viver na corte, ou participar na vida pública, e viver retirada da corte, ou alheada dos desafios ético-políticos decorrentes da participação. Quatro aspectos merecem atenção: primeiro, a cultura excepcional da escritora e da corte da princesa D. Maria, filha do rei D. Manuel I; segundo, o uso do livro como um espelho de princesa, algo raro que pode ser entendido como crítica ético-política à corte de D. João III; terceiro, a presença contínua do estoicismo no pensamento político português; quarto, a apresentação de um plano de estudo para as mulheres. Os quatro aspectos ganham sentido com “a defesa da valorização das Humanidades como instância ‘que instala’ o ser humano na realidade, lembrando-lhe as raízes ancestrais da busca por um melhor viver em comum”, como afirma a autora.
O artigo pode ser conferido, na íntegra, no link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciEduc/article/view/33555
Maria Teresa Santos
Professora de filosofia da Universidade de Évora (Portugal)