sábado , 27 de abril de 2024
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Menos espera, mais chances: doadores com síndrome de Wolff-Parkinson-White expandem possibilidades no transplante cardíaco

Realizar um transplante é uma opção terapêutica para aumentar a qualidade e a expectativa de vida dos pacientes portadores de cardiopatias refratárias. Infelizmente, uma das maiores dificuldades deste procedimento é a escassez de doadores, o que reflete em uma longa fila de espera, e uma alta taxa de mortalidade dos pacientes durante este período.

Estratégias para ampliar o contingente de doadores têm sido constantemente buscadas e postas a consenso pela comunidade científica envolvida no campo dos transplantes. Uma dessas abordagens é a flexibilização de certos critérios que geralmente desclassificam um doador, como faixa etária avançada ou ser portador de cardiopatias menos graves ou corrigíveis. São os ‘doadores marginais’ que, sob as diretrizes convencionais de transplante, seriam recusados como potenciais doadores de órgãos (WITTWER; WHALERS, 2008).

Na esteira dos casos de sucesso reportados na literatura, pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) – Hospital público especializado em cardiologia de alta complexidade e reconhecido centro de pesquisa e aprendizado da Faculdade de Medicina de São Paulo, apresentam o artigo “Use of donor with Wolff-Parkinson-White Syndrome in heart transplantation: Report of two cases and review of literature”, publicado no Brazilian Journal of Transplantation, v. 25, n. 3, 2022. 

A síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPWS) é uma alteração congênita relativamente rara, onde pode haver arritmia cardíaca relacionada à existência de uma via elétrica extra no coração que acelera os batimentos cardíacos do paciente. Em alguns casos, é assintomática e pouco ou nada evidente em exames de ECG.

O estudo em tela contribui com mais dois relatos de caso de transplantes com doadores WPWS, realizados no Instituto do Coração, ambos com desfechos favoráveis. Também apresenta tabela com os dados de outros oito artigos que compuseram a revisão da literatura sobre o tema. Embora o manejo dos pacientes e a gestão do tratamento tenham variado entre os casos analisados, o desenlace de todos eles foi considerado positivo ou aceitável.

Através do exposto pelos autores é possível a conclusão de que uma avaliação cuidadosa das condições de ambos os pacientes — tanto o doador marginal  quanto o potencial receptor — pode determinar a relação risco/benefício de cada caso em sua concretude. Mesmo com uma literatura ainda incipiente sobre o assunto, a identificação de doadores subótimos e anteriormente desconsiderados pode ser ponderada para expandir o contingente de doadores de órgãos.

 

Crédito do texto: Rosa Emilia Moraes.

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