No dia 8 de novembro, foi realizado mais um Diálogos ABEC pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC Brasil). Desta vez o tema foi: “Parentalidade e viés implícito: implicações para a publicação científica”.
A primeira palestra, da Profa. Leticia de Oliveira (Universidade Federal Fluminense – UFF) abordou a seguinte temática: “O viés implícito e as desigualdades de gênero na ciência”. Logo no início de sua fala, Leticia pontuou: “30% é quanto os homens ganham em média a mais que as mulheres para ocupar o mesmo cargo que elas”.
Ainda em sua apresentação, Leticia trouxe um panorama das mulheres na ciência: “Na ciência, as mulheres têm uma baixa representação em posição de destaque e liderança, e uma baixa representação nas áreas exatas e tecnológicas”, afirmou.
Segundo Letícia, abordar o viés implícito é fundamental para o enfrentamento a estas desigualdades. Estereótipos negativos que são socialmente construídos frequentemente se associam a preconceitos implícitos, que são inconscientes ou não percebidos. No meio acadêmico, este tipo de viés associa-se a mulheres e pessoas negras, além de outros grupos sub-representados na ciência, contribuindo para a manutenção das desigualdades existentes e dificultando o alcance da equidade.
A segunda palestrante foi a Profa. Fernanda Staniscuaski (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS), fundadora e coordenadora do Movimento Parent of Science. Em sua apresentação, intitulada “Parentalidade na academia: implicações para a diversidade, equidade e inclusão na ciência”, destacou a importância de se considerar os impactos da parentalidade na academia, principalmente para as mulheres. Fernanda apresentou dados sobre desigualdades de gênero e raça na academia, no contexto brasileiro, e contou um pouco da história do Movimento Parent of Science, seus sucessos e desafios.
Sobre este Movimento, Fernanda afirmou: “A missão do Parent of Science é mudar a forma como a parentalidade, mais especificamente, a maternidade é percebida na academia, e lutar por um ambiente científico mais igualitário, diverso e justo”. Ainda, acrescentou os objetivos desse movimento, que são: conscientizar, analisar, gerar políticas de apoio, elaborar um referencial teórico e combater preconceitos.
Em sua apresentação, Fernanda também trouxe conteúdos sobre a pandemia da Covid-19 e apresentou, através de gráficos, os impactos causados por esse momento da história para a ciência.
Após a palestra, foi realizado debate, iniciado com a participação do Prof. Luiz Augusto Campos (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, e editor da revista Dados) e Leila Posenato Garcia (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro, e editora da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional). O primeiro debatedor explanou sobre a estrutura de desigualdades na ciência, construída historicamente, que reflete e reforça as desigualdades existentes na sociedade. A segunda debatedora destacou que a publicação científica faz parte de um ecossistema do ecossistema de pesquisa, o qual inclui as instituições de ensino e pesquisa, as agências de fomento e regulação e a comunidade editorial. Nesse contexto, os editores de revistas científicas têm papel fundamental para promover a equidade e diversidade na ciência.
Em seguida, o debate prosseguiu com uma sessão de perguntas e respostas com todos os participantes.
A apresentação deste minicurso está disponível no canal do YouTube da ABEC Brasil e pode ser acessado através do link: https://www.youtube.com/watch?v=yQCU2UMQtvY