Frequentemente o termo ciência aberta (CA) é associado ao ato de tornar acessíveis, ou seja, de forma digital, livre e sem barreiras, os resultados primários de investigações financiadas com recursos públicos, incluindo não apenas o acesso às publicações finais, mas também aos dados nos quais se basearam suas conclusões e análises. A CA, porém, é um termo “guarda-chuva”, que abarca uma série de movimentos e iniciativas fundamentados no trabalho cooperativo e em novas formas de difundir e dar mais transparência e reprodutibilidade a todo o ciclo de desenvolvimento de uma pesquisa, permitindo disseminação e difusão mais abertas, justas e equitativas.
A revista Geriatrics, Gerontology and Aging (GGA) tem estimulado e propiciado ao seu público oportunidades de aproximação com boas práticas no desenvolvimento e na publicação de pesquisas, incluindo artigos sobre a metodologia adequada para redigir publicações científicas.
Desde 2019, a GGA tem revisado periodicamente suas políticas editoriais e atualizado anualmente as instruções para os autores, em consonância com os princípios recomendados pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), pelo Committee on Publication Ethics (COPE) e pela Colaboração Scielo. Desde 2021, autores e revisores são convidados a manifestar espontaneamente se concordariam com a eventual abertura do processo de revisão por pares.
Inspirada no Formulário de Conformidade com a Ciência Aberta da Colaboração Scielo, a GGA passou a exigir como documentação obrigatória para submissão de um manuscrito que os autores informem se seu trabalho foi disponibilizado no formato preprint (de acordo com as políticas da revista), assim como os incentiva a disponibilizar (previamente ou no momento da publicação) todo o conteúdo (dados, códigos de software e outros materiais) pertinente ao manuscrito. Além disso, desde o início de 2022, os nomes dos editores associados responsáveis são incluídos na página inicial dos artigos publicados pela GGA, reforçando o comprometimento de cada um com o rigor e a transparência do processo de revisão por pares.
A GGA entende que a CA, particularmente o compartilhamento de dados, seja algo benéfico para os pesquisadores, pois confere maior transparência e reprodutibilidade, padronização de informações, maior visibilidade internacional e potencial estabelecimento de parcerias. Muitos desses benefícios são extensivos às instituições dos pesquisadores e somam-se à possibilidade de identificar a real extensão e o valor da produção de seus pesquisadores (além das métricas tradicionais), assim como melhorar a utilização de recursos e favorecer o estabelecimento de novas parcerias e mais rápido avanço de descobertas e potenciais patentes e recursos de fomento.
Apesar de existirem controvérsias quanto à vantagem de publicar em periódicos de acesso livre, que são influenciadas pela área ou disciplina de uma publicação, evidências sugerem que artigos publicados no formato de acesso aberto podem ter vantagens que variam de 36 a 172% na quantidade de citações recebidas (usando métricas tradicionais), em comparação com artigos de acesso pago ou restrito publicados no mesmo periódico.
Além de aumentar a confiança nos achados e nas conclusões, o compartilhamento de dados permite a confirmação dos resultados (estudos de replicação) e facilita a geração e o teste de novas hipóteses — não contempladas no estudo original — por diferentes grupos de pesquisadores, propiciando “alavancagem” dos dados. Governos e agências de fomento têm progressivamente recomendado e, mais recentemente, tornado mandatório que pesquisadores apresentem um plano de gestão de dados ao submeter um projeto de pesquisa a financiamento, incluindo o comprometimento de que seus conjuntos de dados sejam compulsoriamente tornados públicos após a aprovação ou a publicação dos artigos finais.
Conteúdo na íntegra em: https://ggaging.com/details/1748/pt-BR
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Autor: Patrick Alexander Wachholz
DOI: 10.53886/gga.e0220027