quinta-feira , 25 de abril de 2024
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Como editores de periódicos cadastrados no Latindex percebem as barreiras e oportunidades da ciência aberta?

Primeiro, cabe dizer aos leitores da Associação Brasileira de editores Científicos (ABEC) que um dos motivos para escrever este artigo foi, inicialmente, a necessidade de encontrar de maneira organizada os contatos das revistas brasileiras em um único lugar para aplicar nossa pesquisa a respeito das barreiras e oportunidades da ciência aberta para editores. Mas se você fosse investigar o universo de revistas, já pensou onde encontraria os contatos de todos os editores científicos brasileiros? Se quisesse saber quantas, quais revistas e quem são seus editores, como faria?

Algumas tentativas foram pensadas, como por exemplo, o ISSN (International Standard Serial Number), número internacional que identifica o periódico de forma única, um registro de identidade das revistas seriadas. Porém, a disponibilização desses dados pelo Centro de ISSN se dá por meio de pagamento de assinatura, ao qual, custaria mais de R$6 mil só para ter esse conteúdo, o que inviabilizaria a pesquisa, já que não havia recursos para realizá-la. Qualquer pesquisador que use esse universo de pesquisa terá esse tipo de problema, e poderia ser facilmente resolvido com o registro em um catálogo de periódicos. 

Assim, a alternativa encontrada foi o catálogo do Latindex classificado como um catálogo e diretório de revistas científicas da América Latina. Dentre os mais de 26 mil periódicos registrados, 6.059 são títulos de periódicos científicos brasileiros, 3.707 são periódicos ativos  e os demais são registros históricos.

Do total de periódicos nacionais detectamos que 219 revistas associadas à ABEC não estão incluídas neste catálogo e, por isso, resolvemos, ao final deste artigo, dar algumas razões para você, editor, se cadastrar na plataforma do Latindex. 

A pesquisa está sendo dirigida pelos professores Sônia Caregnato (UFRGS), Caterina Marta Groposo Pavão (UFRGS) e Ernest Abadal (UB), e realizada pela mestranda Iara Breda de Azeredo (UFRGS) e doutoranda Lúcia da Silveira (UFRGS e UB). O que estamos investigando é a percepção dos editores de periódicos brasileiros acerca das oportunidades e desafios da ciência aberta. Resumidamente, a ciência aberta é uma forma de tornar as descobertas científicas um bem público. É a ciência realizada com transparência, com colaboração científica e com cidadãos; é o compartilhamento da produção científica de forma estruturada de tal maneira que qualquer outro pesquisador possa continuar a pesquisa ou reusá-la ou reproduzi-la e ainda replicar em contextos diferentes, esses requisitos impactam na formação do editor e políticas editoriais dos periódicos.

Esse mesmo estudo foi aplicado com os editores espanhóis para detectar como a ciência aberta afeta as rotinas dos editores, como percebem as revistas no contexto do acesso aberto, da avaliação aberta pelos pares, das pré-impressões (preprints) e na abertura dos dados relacionados aos artigos científicos. A taxa de resposta foi alta, em torno de 70%, mesmo considerando que o universo de pesquisa adotado tenha sido um quarto do brasileiro. 

No nosso caso, não obtivemos sequer 1% de resposta. Este é um número extremamente baixo. E por isso, convidamos a todos para garantir que tenhamos uma boa taxa de resposta também no Brasil, país onde o número de revistas é muito mais volumoso.

O questionário ainda está disponível para ser respondido, então, se você é editor colabore e ainda terá a chance de ser contemplado no sorteio de presentes (curso de espanhol, voucher no submarino e consultorias editoriais) para agradecer o tempo dedicado à nossa pesquisa (aproximadamente 20 minutos). A ferramenta adotada para coletar dados permite que você continue a qualquer tempo.

Segue mais informações sobre a pesquisa.

Acesse o questionário – ampliamos o prazo de recebimento de respostas até dia 07/08/22 – e dia 08/08/22 será o sorteio com generosos presentes, participe!

Os resultados da pesquisa serão publicados pelas autoras deste artigo na forma de dissertação (Iara) e de tese (Lúcia) futuramente trabalharemos os temas para publicar em artigos científicos. Pretende-se continuar a pesquisa para fazer uma comparação com os editores espanhóis e brasileiros.

Você conhece o Latindex? Por que é importante que sua revista esteja nessa plataforma?

O Latindex é um Sistema Regional de Informação online para Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal. Surgiu em 1995, na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), e dois anos depois se convertia em uma rede de cooperação regional ao associar-se a instituições importantes de outros países, como o IBICT, representante brasileiro, o IDICT (Cuba) e o IDEA (Venezuela). Cabe destacar a presença do SciELO, Redalyc, DOAJ e International Science Council. Nos anos seguintes, outros países começaram a se associar ao projeto, constituído por 24 instituições que trabalham para tornar os periódicos mais visíveis. 

Sua missão é auxiliar as revistas a ampliarem seu alcance, democratizar o acesso e melhorar a qualidade das publicações catalogadas. O Latindex organiza eventos para a formação de editores e equipes editoriais, e disponibiliza um instrumento para realizar autodiagnóstico de qualidade de revista científica, sendo esse um dos diferenciais no processo de solicitação de registro no catálogo. Esse autodiagnóstico é uma ferramenta para o editor científico identificar o estado da transparência de informação contida em toda a estrutura da revista. Ele é composto por 38 características, outra vantagem do formulário é que indicam o que o editor deve fazer para corrigir ou ajustar no periódico, convertendo-se em uma ferramenta de trabalho para as equipes editoriais.

Esses indicadores são usados como critérios de avaliação da plataforma para decidir se o periódico deve ser catalogado ou não. A exigência mínima é que a revista atenda a oito características obrigatórias e outras 17 para somar a pontuação mínima de 25 itens. 

O sistema Latindex facilita a integração regional, sendo uma vitrine para os periódicos produzidos nos países ibero-americanos para o mundo. O Latindex dispõe de um serviço pouco utilizado pelos portais de periódicos brasileiros: o registro no catálogo do Latindex, para portais de revistas científicas de instituições ou universidades o: Portal de Portales. Esse recurso está em desenvolvimento pela equipe do Latindex e a proposta é que tenha um trados. 

Resumindo as razões para estar no Latindex são: 

  1. Integrar-se a comunidade de editores da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal; 
  2. Divulgar as revistas e artigos;
  3. Autodiagnóstico de qualidade da estrutura da revista e transparência de gestão editorial. 
  4. Facilitar a pesquisa com editores.
  5. Espaço para capacitação.

Acesse a descrição sobre a metodologia Latindex

 

Recomendação geral para editores: em qualquer diretório, catálogo, indexador é necessário manter os dados da revista atualizados, a sugestão é fazer isso uma vez ao ano.

Campos, F.F.; Vilkas Boas, R.F. & Amaro, B. A aplicação dos critérios de qualidade editorial do Catálogo 2.0 do Latindex nas revistas científicas brasileiras: uma análise preliminar. Palabra clave,11(2) Ensenada abr. 2022. doi:10.24215/18539912e157 buscador integrado para recuperar os artigos científicos em todos os portais cadas

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