Compreender quais são as dificuldades de aprendizagem dos alunos tem sido uma das ferramentas mais utilizadas pelos educadores para aprimorar a qualidade do ensino no Brasil. No entanto, quando o próprio estudante entende onde estão suas limitações, é possível obter resultados ainda melhores.
Nesse contexto, foi elaborado um estudo com o objetivo de verificar a autopercepção das dificuldades de leitura e escrita de estudantes do ensino fundamental de uma região de alto risco social e elevado índice de vulnerabilidade à saúde, bem como a percepção de seus pais sobre essas dificuldades.
Participaram 65 alunos (ambos os gêneros), do 4º ao 7º ano do ensino fundamental de uma escola municipal e seus responsáveis. Foram utilizados dois questionários, um para os estudantes e outro para seus responsáveis, com perguntas sobre dificuldades na leitura e na escrita. Utilizou-se também o Teste de Desempenho Escolar (TDE) (provas de leitura e escrita).
Essa pesquisa resultou em um artigo, intitulado: Autopercepção das dificuldades de aprendizagem de estudantes do ensino fundamental, que tem como autores Bárbara Bruna Godinho Moreira, Vanessa de Oliveira Martins-Reis e Juliana Nunes Santos. O trabalho foi publicado na revista ACR (Audiology Communication Research), que é uma publicação técnico-científica da Academia Brasileira de Audiologia (ABA).
Dos estudantes avaliados, 2/3 apresentaram autopercepção positiva do seu desempenho em leitura e escrita e seus pais aparentaram perceber as dificuldades de forma mais acentuada do que seus filhos. Observou-se relação entre autopercepção do estudante e desempenho inferior nos testes de leitura e escrita, o que também foi verificado em relação à percepção dos pais.
A conclusão do trabalho foi que menos estudantes apresentaram autopercepção negativa do seu desempenho em leitura e escrita, quando comparado à percepção dos pais. Aquelas crianças com melhor desempenho percebem-se melhor e seus pais também. No entanto, os testes de leitura e escrita revelaram um percentual maior de estudantes com desempenho inferior do que a autopercepção indicou. “Neste sentido, especialmente em regiões de alto risco social, como a deste estudo, os educadores e profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem devem estar atentos aos sinais de dificuldades, antes mesmo das queixas familiares e da criança”, cita trecho do artigo.
Confira o artigo na íntegra:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312016000100326&lng=pt&nrm=iso&tlng=en
Leandro Rocha (4toques comunicação)
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