No início do século XX, o câncer [e todas suas formas de manifestação] era pouco conhecido no Brasil. Não apenas à população de uma forma geral, como também aos profissionais ligados à pesquisa e saúde pública. Pouco mais de 100 anos depois, a doença criou raízes mais profundas na sociedade brasileira. Apenas em 2016, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estimava que mais de 500 mil pessoas morreriam em decorrência de câncer no País.
No artigo “De doença da civilização a problema de saúde pública: câncer, sociedade e medicina brasileira no século XX”, Luiz Alves Araújo Neto e Luiz Antonio Teixeira, respectivamente doutorando e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, fazem uma análise histórica do câncer no Brasil. Nela, abordam desde como essa enfermidade era interpretada pelas autoridades locais até as estratégias adotadas e seus impactos. O trabalho foi publicado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, (v. 12, n. 1), periódico associado à ABEC.
Em um primeiro instante, o câncer chegou a ser relacionado como uma consequência do desenvolvimento socioeconômico dos países, com exemplo dos europeus que já sofriam com alta incidência da doença. A partir da década de 50, novos grupos que trabalhavam em cima de alternativas de controle do câncer começaram a quebrar este conceito, visto o potencial de progresso do Brasil e os benefícios que ele traria à sociedade como um todo.
“As transformações no processo de ‘enquadramento’ da doença se deram em meio a questões que extrapolaram o campo médico. De doença da civilização a problema de saúde pública, o câncer foi significado de diversas formas pela medicina brasileira, atendendo não somente a demandas e disputas do campo médico, mas também às preocupações e às tensões em torno da nação que se construía ao longo do século XX”, conclui o estudo.
O artigo pode ser acessado na íntegra em: http://www.museu-goeldi.br/editora/bh/artigos/chv12n1_2017/doenca(neto).pdf
Igor Medeiros (4toques comunicação)
comunicacao@abecbrasil.org.br