Na última terça-feira (24), em um editorial, a revista “Nature”, uma das mais conceituadas no meio científico, apresentou regras para o uso de sistemas de inteligência artificial (IA) na construção de pesquisas, artigos e outros materiais científicos. A decisão veio após a popularização do “ChatGPT”, robô que, em segundos, consegue elaborar um texto fluente e que parece ter sido escrito por uma pessoa.
A revista afirmou que “ferramentas como o ChatGPT ameaçam a ciência transparente” e estabeleceu duas regras básicas para o uso ético dos robôs em trabalhos a serem publicados pela revista:
– Nenhum sistema será aceito como autor de um trabalho de pesquisa: ferramentas de inteligência artificial não podem assumir a responsabilidade sobre um estudo;
– Caso sistemas de IA sejam usados em trabalhos de pesquisa, isso precisa estar documentado: a informação deve constar na metodologia ou nos agradecimentos, por exemplo.
De acordo com a Nature, vários pré-prints (versão ainda não revisada) e artigos publicados já creditaram a autoria ao ChatGPT.
Na comunidade científica, a preocupação é que estudantes e cientistas usem robôs como o ChatGPT para escrever textos como se fossem seus, o que, segundo a Nature, poderia acarretar em trabalhos que não sejam confiáveis.
“À medida que os pesquisadores mergulham no admirável mundo novo dos chatbots avançados de IA, os editores precisam reconhecer seus usos legítimos e estabelecer diretrizes claras para evitar abusos”, disse a Nature.
É possível saber se um texto científico foi gerado por IA?
A resposta da Nature é: talvez. Isso porque, para gerar a informação, o ChatGPT usa uma infinidade de textos disponíveis na internet e, com isso, pode reproduzir um padrão.
No caso de textos científicos, uma inspeção cuidadosa em palavras e termos da área poderia detectar o uso do robô na escrita da pesquisa. Além disso, ele ainda não consegue fazer citação de fontes, essenciais na construção de um artigo científico.
“Em última análise, a pesquisa deve ter transparência nos métodos e integridade e veracidade dos autores. Essa é, afinal, a base de que a ciência depende para avançar”, disse a revista.
Além da Nature, a tendência é que outras revistas científicas adotem regras semelhantes para o uso do ChatGPT.
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