A complexidade do transplante de fígado engloba várias etapas, além do próprio procedimento cirúrgico. A escassez de doadores de órgãos e a longa fila de espera são grandes obstáculos ainda no pré-operatório. E após o transplante os receptores precisarão adaptar-se a um novo estilo de vida, a fim de mitigar e prevenir a incidência de
complicações, assim como assimilar a terapia imunossupressora, que será vitalícia. Em cada um destes aspectos, o esclarecimento do paciente acerca de sua condição é um fator determinante para melhor adesão ao tratamento, contribuindo efetivamente para um desfecho clínico positivo e significativa melhora na qualidade de vida.
São escassos os estudos que investigam a educação em saúde oferecida a pacientes em qualquer fase do transplante de fígado. A ausência, na literatura, de síntese sobre o tema proposto levou pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, vinculada à Universidade de São Paulo, a buscarem, junto às principais bases de dados científicos, registros de estratégias de educação em saúde voltadas ao transplante de fígado, visando integrar conhecimento científico e prática profissional.
Em revisão integrativa publicada no Brazilian Journal of Transplantation (v.25 n.3), as autoras descrevem cada etapa do trabalho e os métodos utilizados, desde a elaboração da pergunta norteadora. National Library of Medicine and the National Institutes of Health (PubMed), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Embase serviram de fonte para a análise e seleção dos artigos pertinentes para a síntese do conhecimento.
Neste processo, notou-se que a maioria dos estudos contempla estratégias de educação em saúde para manejo e administração dos medicamentos, indicações para nutrição adequada e informações sobre o tratamento.
Um dos artigos abordou o uso da tecnologia na forma de um protótipo de aplicativo (LiveRight Transplant), desenvolvido por pesquisadores norte-americanos (Lieber et al., 2021). Apenas um dos estudos identificados tinha um enfoque pré-transplante, o que demonstra a necessidade de mais aprofundamento nessa área.
Destaca-se também o papel essencial do enfermeiro nas ações de aprendizagem e capacitação de pacientes receptores, candidatos ou doadores vivos. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN,2019), cabe a este profissional a função de efetuar o planejamento, a coordenação e a supervisão dos procedimentos de enfermagem, assim como planejar e implementar ações que otimizem a doação e captação de órgãos.
Crédito do texto: Rosa Emilia Moraes.